A fonte em que o poeta colheu as informações astronómicas de que usou tão escrupulosamente foi o Almanach perpetuum de Abraham Zacuto, onde podia ver os tempos de entrada do Sol nos signos, as conjunções e oposições do Sol e da Lua, e onde, por um cá!culo elementar, podia saber, em qualquer época, a posição relativa dos dois astros companheiros
Platão, ao falar sobre as ideias puras ou os arquétipos, diz-nos a mesma coisa. Que os objetos físicos e os seres vivos nada mais são do que vestígios na matéria das ideias puras presentes no reino do inteligível.
Ao estabelecer um templo, que não é mais do que o ponto de encontro entre humanos e deuses, entre o acima e o abaixo, a primeira cerimónia consiste em “delimitar” a terra, aquilo a que os antigos egípcios chamavam de Cerimónia da Extensão da Corda, onde, em nome do faraó, e utilizando instrumentos básicos de medição, se determinava a hora e os limites exactos que iriam demarcar esta nova “estação de caminho” dos deuses.
As Leis de Kepler foram essenciais para o desenvolvimento da teoria heliocêntrica de Copérnico e mais tarde, para a formulação da Lei da Gravitação Universal de Newton.
Não obstante tenham sido desenvolvidas com o intuito de explicar os movimentos dos planetas, as leis de Kepler aplicam-se a qualquer astro que orbite outro.
Torna-se evidente que através de métodos estritamente racionais e analíticos será impossível conhecer a base física do mundo. Mais do que o assalto, eles têm que buscar a união mística. Nesse sentido, deveriam aprender com seus colegas alquimistas medievais, que através da oração, do estudo e do trabalho solitário no atanor (que é realmente o nosso mundo interior) alcançaram a transmutação em si mesmos e na matéria, transmutando o chumbo em ouro. Mas a humildade é necessária para colaborar com a Natureza. Só assim, como diz A Voz do Silêncio, nos revelará os seus segredos mais íntimos.
Se, nas profundezas dos mitos e das crenças populares, existe um imenso tesouro de ocultismo, tal como existe em quase todos os jogos tradicionais infantis, quis o Destino (Karma) que as primeiras iniciações daqueles que regressam ao mundo, e o cérebro das crianças referido pelos escolásticos como as primeiras pinturas nesse tabula rasa in qua nihil est depictu, não sejam as meras noções científicas de que tanto nos vangloriamos, mas as nebulosas recordações ancestrais, as verdades científico-religiosas do conhecimento arcaico perdido, chamadas a florescer em épocas culturais posteriores, muito superiores à actual, para povos e crianças.
Vénus aparece como estrela da manhã nos Lusíadas. ao romper do dia em que a frota do Gama avistou enfim terras da índia, em VI, 85:
«Mas já a amorosa estrela acintilava
Diante do Sol claro no horizonte,
Mensageira do dia, e visitava
A terra e o largo do mar com leda fronte
A Deusa que nos céus a governava,
De quem foge o ensífero Orionte,
Tantto que o mar e a cara armada vira.
Tocada junto foi de mêdo e de ira.»
Na sua monumental “História Universal dos Algarismos”, Geoerges Ifrah dedica umas páginas aos hieróglifos especiais com que os egípcios designavam os números. Especiais porque não são os que se usavam sempre, como potências de 10, e que já vimos num artigo anterior nesta revista. Estes hieróglifos usados como números de forma não usual foram encontrados, diz, sobretudo ao estudar os templos de Hórus de Edfu e de Denderah, pelo que supomos que o seu uso foi restrito ao período ptolemaico. Um período de multiplicação de hieróglifos e de jogos de significados que, talvez, anteriormente fossem mais reservados e começassem então a sair à luz: “todo o tipo de trocadilhos e jogos gráficos eruditos”, assim chamados por este autor. Neste caso talvez se trabalhe com Números-Ideia e não somente números-quantidade, como nos explica Platão na sua República.