Esta Década representando o Universo e sua evolução a partir do Silêncio e das profundezas desconhecidas da Alma Espiritual, ou anima mundi, apresentava dois lados ou aspectos ao estudante.
Poderia ser e foi primeiramente assim usado e aplicado ao Macrocosmos, tendo depois descendido ao Microcosmos, ou Homem. Foi, então, a puramente intelectual e metafísica, ou a “Ciência Interna”, bem como a puramente materialista ou “Ciência superficial”, ambas as quais puderam ser expostas por e contidas na Década. Isso poderia ser estudado, resumindo, a partir dos Universais de Platão, ou do método indutivo de Aristóteles. O primeiro começava a partir de uma compreensão divina, quando a pluralidade procedeu da unidade, ou surgiram os dígitos da Década, mas para ser finalmente reabsorvida, perdida no Círculo infinito. O segundo dependia unicamente do sentido da percepção, no qual a Década pode ser considerada tanto como a unidade que se multiplica, ou a matéria que se diferencia, o seu estudo sendo limitado ao plano superficial: à Cruz, ou ao Sete que procede do dez – ou o número perfeito, na Terra como no céu.
Este sistema dual foi trazido da Índia, junto com Década, por Pitágoras.
No plano acima, o Número não é um número, mas um nada – um círculo. No plano abaixo, torna-se um – o qual é um número ímpar.
Cada letra do alfabeto antigo tendo o seu significado filosófico e raison d’etre (razão de ser), o número 1 significava para os Alexandrinos um corpo erecto, um homem vivo de pé, sendo ele o único animal com este privilégio. E, adicionando ao 1 uma cabeça, foi transformado em um P, um símbolo de paternidade, da potência criativa; enquanto o R significou um “homem em movimento”, no seu caminho. Se voltarmos ao Alfabeto Hebraico, vamos encontrar que enquanto 1 ou aleph, א, tem um touro ou um boi como símbolo, 10, o número perfeito, ou o Um da Kabala é um Yodh י (y, i, ou j); e significa, como a primeira letra de Jehovah, o órgão procriador, et seq.
Os números ímpares são divinos, os números pares são terrestres, diabólicos e azarados. Os Pitagóricos odiavam os binários. Com eles originou-se a diferenciação e, portanto, os contrastes, a discórdia, ou a matéria, o início do mal. Na teogonia Valentiana, Bythos e Sige (Profundeza, Caos, a matéria nascida do Silêncio) são o binário primordial.
Com os Pitagóricos primitivos, entretanto, a díade foi aquele imperfeito estado onde o primeiro ser manifestado caiu quando separado de Mónada. Foi o ponto do qual duas estradas – a Boa e a Má — se bifurcaram. Tudo aquilo que era de dupla face ou falso foi chamado de “binário”. Um era só Bom, e Harmonia, porque nenhuma desarmonia pode proceder de um sozinho. Do Latim, a palavra Solus em relação ao único Deus, o Desconhecido de Paulo. Solus, entretanto, muito em breve tornou-se Sol — o Sol.
O ternário é, portanto, o primeiro dos números ímpares, como o triângulo é a primeira das figuras geométricas. Este número é verdadeiramente o número do mistério por excelência. A razão para isto é simples, e foi dada em “Isis sem véu”. Na geometria, uma linha não consegue representar um corpo perfeito ou figura, nem podem duas linhas constituir uma figura demonstrativamente perfeita. Só o triângulo é a primeira figura perfeita.
A primeira figura sólida é o Quaternário, símbolo da imortalidade. É a pirâmide: a pirâmide baseia-se numa base triangular, quadrada ou polígona, e termina com um ponto no alto, portanto produzindo a tríade e o quaternário de 3 e 4. Foram os Pitagóricos quem falaram em conexão e relação entre os deuses e os números – numa Ciência chamada aritmomancia. A Alma é um número, diziam, que se move por si próprio e contém o número 4; e o homem espiritual e físico é o número 3, pois o ternário representava para eles não somente a superfície, mas também o princípio da formação do corpo físico. Então os animais eram ternários, somente, e o homem é o único septenário, quando virtuoso; um quinário, quando mau, pois:
O número 5 foi composto de um binário e um ternário, no qual o binário lança tudo de uma forma perfeita em direção à desordem e confusão. O homem perfeito, diziam, foi o quaternário e o ternário, ou de quatro elementos materiais e três elementos imateriais, os quais três espíritos ou elementos encontramos igualmente no 5, quando este representa o microcosmos.
O seis ou o Senário é tratado mais tarde, enquanto que o septenário será amplamente tratado no artigo, “Mistérios da Hebdómade.”
O Ogdóade ou 8 simboliza o movimento eterno ou espiral do 8, ∞, e é simbolizado na sua volta pelo Caduceu. Isto mostra a respiração regular do Cosmos, presidida por oito grandes deuses — os sete da Mãe primitiva, o Uno e a Tríade.
Então chega o número nove ou o ternário triplo. Este é o número que se reproduz a si mesmo incessantemente sob todas as formas e figuras em cada multiplicação. É o sinal de cada circunferência, uma vez que o seu valor em graus é igual a 9, i.e., a 3 + 6 + 0. É um número mau em certas condições, e muito azarado. Se o número 6 foi o símbolo do nosso globo pronto para ser animado por um espírito divino, o 9 simbolizou a nossa terra informada por um espírito mau ou diabólico.
Dez, ou a Década, traz todos esses dígitos para a unidade, e termina a tabela Pitagórica. Portanto, esta figura — , unidade no zero — foi o símbolo da Divindade, do Universo e do homem.