A Estrela de Seis Pontas e a Estrela de Cinco Pontas

“O homem é um pequeno mundo dentro do grande universo”, ensina Paracelso. “Um microcosmo, dentro do macrocosmo, como um feto, está suspenso pelos seus três espíritos principais na matriz do universo.”
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[O HEXAGRAMA E O PENTAGRAMA]
A nossa resposta

[The Theosophist, Vol. III, No. 2, Novembro, 1881, pp. 31-33]

[“A nossa resposta” foi escrita como resposta a um artigo de K. Lalshankar intitulado “A estrela de seis pontas e a estrela de cinco pontas.” É bastante completo e auto-explicativo.]

As nossas autoridades na representação do pentagrama, ou estrela de cinco pontas, como o microcosmo e a estrela de seis pontas como o macrocosmo, são os mais conhecidos Cabalistas Ocidentais – medievais e modernos. Éliphas Lévi (Abade Constant) e, acreditamos, Khunrath, um dos grandes ocultistas das eras passadas, dão-nos as suas razões para tal. Em “Rosicrucians” de Hargrave Jennings é dada a perspectiva correcta do microcosmo, com o homem no centro do Pentagrama. Não há qualquer objecção à publicação das suas especulações, excepto uma – a falta de espaço na nossa revista, pois seria necessário um enorme número de explicações para esclarecer o seu significado esotérico. Mas haverá sempre espaço para corrigir alguns equívocos naturais que poderão surgir nas mentes de alguns dos nossos leitores, tendo em conta a necessária brevidade das nossas notas editoriais. Desde que a questão suscitada não provoque discussão sobre o interesse demonstrado pelo assunto, estas notas apenas afloram de forma superficial qualquer dúvida. A excelência do artigo acima publicado e as muitas observações valiosas nele contidas oferecem-nos agora uma oportunidade para corrigir tais erros na mente do autor.

Tal como são entendidos no Ocidente, o Espírito e a Matéria têm para os verdadeiros Cabalistas o seu principal significado simbólico nas respectivas cores dos dois triângulos entrelaçados, e não se relacionam de forma alguma com nenhuma das linhas que delimitam as próprias figuras. Para o filósofo Cabalista e Hermético, tudo na natureza aparece sob um formato triúno; tudo é multiplicidade e trindade na unidade e é por ele representado de forma simbólica em diversas figuras geométricas. “Deus geometriza”, diz Platão. As “Três Faces Cabalísticas” são as “Três Luzes” e as “Três Vidas” de EN-SOPH (o Parabrahma dos Ocidentais), também chamado “Sol Central Invisível”. O “Universo é o seu Espírito, Alma e Corpo”, as suas “Três Emanações.” Esta natureza tripla – aquela puramente Espiritual, a puramente Material e a Natureza Média (ou matéria imponderável, da qual é composta a alma astral do homem) é representada pelo triângulo equilátero cujos três lados são iguais, porque estes três princípios estão difundidos por todo o universo em proporções idênticas; e sendo a ÚNICA LEI na natureza o perfeito EQUILÍBRIO – são eternas e coexistentes. Assim, a simbologia Ocidental, com uma variação insignificante, é idêntica à dos Arianos. Os nomes podem variar e podem ser acrescentados detalhes insignificantes, mas as ideias fundamentais são as mesmas. O duplo triângulo que representa simbolicamente o MACROCOSMO, ou grande universo, contém em si para além da ideia da dualidade (como se mostra nas duas cores e nos dois triângulos – o universo do ESPÍRITO e o da MATÉRIA) – os da Unidade, da Trindade, do TETRAKTYS pitagórico – o Quadrado perfeito – até ao Dodecágono e o Dodecaedro.

Os antigos Cabalistas Caldeus – os mestres e inspiradores da Cabala Judaica – não eram os Antropomorfistas do Antigo Testamento nem os dos dias de hoje. O seu EN-SOPH [Ain Soph] – o Infinito e o Ilimitado – “tem uma forma e depois não tem forma”, diz o Livro do Zohar1 e explica imediatamente o enigma acrescentando: “O Invisível assumiu uma forma quando chamou o universo para a existência,” isto é, a Divindade só pode ser vista e concebida na natureza objectiva – puro panteísmo. Os três lados dos triângulos representam para os Ocultistas tal como para os Arianos – espírito, matéria e natureza média (esta última idêntica ao espaço, no seu significado); daí também – as energias criativas, preservadoras e destrutivas, tipificadas nas “Três Luzes”. A primeira luz infunde vida inteligente e consciente em todo o universo, respondendo assim à energia criativa; a segunda luz produz incessantemente formas a partir da matéria cósmica preexistente e dentro do círculo cósmico, daí ser a energia preservadora; a terceira luz produz todo o universo de matéria física bruta; e à medida que esta se afasta gradualmente da luz espiritual central, o seu brilho extingue-se e torna-se Escuridão ou MAL, conduzindo à Morte. Torna-se assim energia destrutiva, que encontramos sempre activa nas formas e figuras – o temporário e o mutável. As Três Faces Cabalísticas do “ANTIGO dos Antigos” – que “não tem rosto” são as divindades Arianas – chamadas respectivamente Brahma, Vishnu e Rudra ou Shiva. O duplo triângulo dos Cabalistas está contido num círculo representado por uma serpente a engolir a sua própria cauda (emblema egípcio da eternidade) e por vezes por um círculo simples (vide o Selo Teosófico). A única diferença que podemos ver entre a simbologia Ariana e a Ocidental do duplo triângulo – a julgar pela explicação do autor – reside na sua omissão em notar o significado profundo e especial daquilo a que chama “o zénite e o zero”, se o entendermos correctamente. Com os Cabalistas Ocidentais – o vértice do triângulo branco perde-se (sendo o significado o mesmo na pirâmide egípcia)2 no zénite, o mundo da pura imaterialidade ou espírito puro, enquanto o ângulo inferior do triângulo negro3 aponta para baixo em direcção ao nadir mostrando – para usar uma frase muito prosaica dos Hermetistas medievais – pura ou antes “matéria impura” como as “purgações grosseiras do fogo celeste” – Espírito – arrastado para o vórtice da aniquilação, esse mundo inferior, onde formas e figuras e  vida consciente desaparecem para se dispersarem e regressarem à fonte – a matéria cósmica. O mesmo acontece com o ponto central e a cavidade central, que, de acordo com o ensinamento Purânico, “é considerada a sede do Avyakta Brahma – ou da Divindade não manifestada”. Os Ocultistas que geralmente desenham a

figura assim, em vez de um simples ponto geométrico central (que, não tendo comprimento, largura, nem espessura, representa o invisível “Sol Central”, a luz da “divindade não manifestada”), coloca muitas vezes a crux ansata [Ankh] (a cruz manuseada ou o TAU egípcio), em cujo zénite uma mera linha vertical é substituída por um círculo – símbolo do Espaço ilimitado e não criado, esta cruz assim modificada tem quase o mesmo significado que a “cruz mundana” dos antigos Hermetistas Egípcios , uma cruz dentro de um círculo. Assim sendo, é errado dizer que

a nota editorial afirmava que o duplo triângulo representava “apenas o Espírito e a matéria”, pois representa tantos emblemas que um volume não seria suficiente para os explicar.

Diz o nosso crítico: “Se, como é dito, o ‘triângulo duplo’ é feito para representar apenas o espírito universal e a matéria, essa objecção de que dois lados – ou quaisquer duas coisas – não podem formar um triângulo, ou que um triângulo não pode servir para representar uma coisa – apenas espírito ou apenas matéria – como parece resultar da distinção entre branco e preto, permanece inexplicada.” Acreditando que já explicámos suficientemente algumas das dificuldades e mostrámos que os Cabalistas Ocidentais sempre consideraram a “trindade na unidade” e vice-versa, podemos acrescentar que os Pitagóricos explicaram a “objecção” especialmente insistida pelo escritor das palavras supracitadas, há cerca de 2.500 anos atrás. Os números sagrados daquela escola – cuja ideia fundamental era a de que existia um princípio permanente de unidade sob todas as forças e mudanças fenoménicas do universo – não incluíam o número dois ou a díade entre os outros. Os Pitagóricos recusaram-se a reconhecer este número, nem como uma ideia abstracta, precisamente porque em geometria era impossível construir uma figura com apenas duas linhas rectas. É óbvio que, para fins simbólicos, o número não pode ser identificado com nenhuma figura circunscrita, seja uma figura plana ou um sólido geométrico; e assim como não poderia representar a unidade numa multiplicidade como qualquer outra figura poligonal pode, não podia ser considerado um número sagrado. O número dois representado na geometria por uma dupla linha horizontal == e nos algarismos romanos por uma dupla linha perpendicular || e uma linha com comprimento, mas não largura ou espessura, precisava de ter mais um número adicionado antes de poder ser aceite. É apenas em conjunto com o número um, tornando-se o triângulo equilátero, que pode ser chamado de figura. Torna-se assim evidente por que razão, tendo que simbolizar o espírito e a matéria – o Alfa e o Ómega no Cosmos – os Hermetistas tiveram de utilizar dois triângulos entrelaçados – ambos uma “trindade na unidade” – fazendo com que o primeiro tipificasse “espírito” ––branco, a giz – e o último tipificando “matéria” – preto, a carvão.

À pergunta: o que significam os outros dois pontos brancos, se o “ponto branco ascendente em direcção ao céu simboliza o espírito” – respondemos que, de acordo com os Cabalistas, os dois pontos inferiores significam “o espírito caindo na criação”, isto é, a pura centelha divina já misturada com a matéria do mundo fenoménico. A mesma explicação é válida para os dois ângulos pretos da linha horizontal; ambos os terceiros pontos, mostrando um – a purificação progressiva do espírito, e o outro – a brutidão progressiva da matéria. Mais uma vez, dizer que “qualquer pensamento sobre o superior ou sobre o inferior” na “ideia sublime do Cosmos” parece “não apenas revoltante, mas irreal”, é objectar a que qualquer coisa abstracta seja simbolizada numa imagem concreta. Então porque não eliminar completamente todos os sinais, incluindo o de Vishnu e toda a erudita explicação purânica dada pelo escritor? E porque é que a ideia Cabalística deveria ser mais revoltante do que a de “Morte – Devorador – Tempo”, sendo esta última palavra sinónimo de Eternidade Sem Fim – representada por um círculo que circunda o triângulo duplo? Uma estranha incoerência e que, já agora, entra em total conflito com o resto do artigo! Se o escritor não encontrou “em lado algum a ideia de um triângulo ser branco e o outro preto” é simplesmente porque nunca estudou, nem provavelmente viu sequer os escritos dos Cabalistas Ocidentais e as suas ilustrações.

As explicações por nós dadas acima contêm a chave para a fórmula geral Pitagórica da unidade na multiplicidade, o UM evoluindo os muitos e permeando os muitos e o todo. A sua mística DÉCADA 1 + 2 + 3 + 4 == 10 exprime a ideia na sua totalidade; não só está longe de ser “revoltante”, como é definitivamente sublime. O UM é a Divindade, o Dois é matéria (a figura tão desprezada por eles como matéria per se nunca poderá ser uma unidade consciente)4, o TRÊS (ou Triângulo) combinando Mónada e Díade, participando da natureza de ambas, torna-se a tríade ou o mundo fenomenal. A Tétrade ou TETRAKTYS sagrada, a forma de perfeição entre os Pitagóricos, exprime ao mesmo tempo o vazio de tudo – MAYA; enquanto a DÉCADA, ou soma de todos, envolve todo o cosmos. “O universo é a combinação de mil elementos e, ainda assim, a expressão de um único elemento – harmonia absoluta ou espírito – um caos para os sentidos, um cosmos perfeito para a razão” – dizemos em Ísis Sem Véu.5 Pitágoras aprendeu a sua filosofia na Índia. Daí a semelhança nas ideias fundamentais dos antigos Iniciados Bramânicos e dos Pitagóricos. E quando, ao definir o Shatkon o escritor diz que ele “representa o grande universo (Brahmânda) — o todo infinito (Mahâkâśa) — com todos os mundos planetários e estelares nele contidos”, apenas repete por outras palavras a explicação que Pitágoras e os filósofos Herméticos dão acerca da estrela hexagonal ou do “Triângulo Duplo”, como acima se mostra.

Também não achamos muito difícil preencher a lacuna deixada na nossa breve nota no número de Agosto quanto às “três pontas restantes dos dois triângulos” e aos três lados de cada um dos “triângulos duplos” ou do círculo que circunda a figura. Como os Hermetistas simbolizavam tudo o que era visível e invisível, não podiam deixar de o fazer para o macrocosmo na sua totalidade. Os Pitagoristas, que incluíram na sua DÉCADA todo o cosmos, tinham para com o número 12 uma reverência ainda maior, pois representava a sagrada Tetraktys multiplicada por três, o que dava uma trindade de quadrados perfeitos chamados Tétrades. Os filósofos Herméticos ou Ocultistas que seguiram os seus passos representaram este número 12 no “Triângulo Duplo” – o grande universo ou o Macrocosmo como mostra esta figura, e incluíram nele o pentagrama, ou o microcosmo – assim chamado por eles – o pequeno universo.

Dividindo as doze letras dos ângulos exteriores em quatro grupos de tríades, ou três grupos de Tetraktys, obtiveram o dodecágono, o polígono geométrico regular, delimitado por doze lados iguais e contendo doze ângulos iguais que simbolizavam para os antigos Caldeus – os doze “grandes deuses”6 e para os Cabalistas Hebraicos as dez Sefirots, ou poderes criativos da Natureza, que emanavam da Sefirá (Luz Divina), ela própria a Sefirot principal e emanação de Hokhmah, a Sabedoria Suprema (a sabedoria não manifestada), e EN-SOPH [Ain Soph], o infinito; nomeadamente, três grupos de Tríades das Sefirot e uma quarta Tríade, composta por Sefirá, En-Soph e “Hokhmah”, a Sabedoria Suprema “que não pode ser compreendida pela reflexão” e que “está oculta dentro e fora do crânio de Face Longa”;7 a cabeça superior do triângulo superior formava as “Três Faces Cabalísticas”, constituindo as doze. Além disso, as doze figuras dão dois quadrados ou as duplas tetraktys que representam na simbologia Pitagórica os dois mundos – o espiritual e o físico, os 18 ângulos internos e os 6 ângulos centrais produzem, além de 24, duas vezes o número macrocósmico sagrado, ou os 24 “divinos poderes não manifestados”. Seria impossível enumerá-los em tão pouco espaço.

Além disso, é muito mais razoável, nestes dias de cepticismo, seguir a sugestão de Jâmblico, que diz que “os poderes divinos sempre se

sentiram indignados com aqueles que manifestaram a composição do icoságono”, nomeadamente com quem entregou o método de inscrição do dodecaedro numa esfera – uma das cinco figuras sólidas da Geometria, contida sob doze pentágonos iguais e regulares, cujo significado Cabalístico secreto os nossos adversários fariam bem em estudar8.

Para além de tudo isto, como se mostra no “Triângulo Duplo” acima, o pentagrama no seu centro dá a chave para o significado dos filósofos Herméticos e Cabalistas. Este sinal duplo é tão conhecido e difundido que pode ser encontrado sobre a porta de entrada do Lha-Khang (templo que contém imagens e estátuas Budistas) em todos os Gompa (mosteiro budista tibetano) e muitas vezes sobre o armário-relicário, chamado no Tibete Doong-ting. Os Cabalistas medievais dão-nos nos seus escritos a chave do seu significado. “O homem é um pequeno mundo dentro do grande universo”, ensina Paracelso. “Um microcosmo, dentro do macrocosmo, como um feto, está suspenso pelos seus três espíritos principais na matriz do universo.” Estes três espíritos são descritos como duplos: (1) o espírito dos Elementos (corpo terrestre e princípio vital); (2) o espírito dos astros (corpo sideral ou astral e a vontade que o rege); (3) o espírito do mundo espiritual (as almas animal e espiritual) – sendo o sétimo princípio um espírito quase imaterial ou o divino Augoeides, Atma, representado pelo ponto central, que corresponde ao umbigo humano. Este sétimo princípio é o Deus Pessoal de cada homem, dizem os antigos Ocultistas Ocidentais e Orientais. Portanto, as explicações dadas pelo nosso crítico acerca do Shatkon [hexágono] e do Pañchkon [pentágono] não destroem, mas antes confirmam a nossa teoria. Falando dos cinco triângulos compostos por “cinco vezes cinco” ou 25 pontas, ele comenta que o pentagrama é um “número que corresponde aos vinte e cinco elementos que constituem uma criatura humana viva”. Ora supomos que por “elementos” o escritor quer dizer exactamente o que dizem os Cabalistas quando ensinam que as emanações dos 24 “poderes não manifestados” divinos, sendo o “inexistente” ou “Ponto Central” o 25º – formam um ser humano perfeito? Mas em que outro aspecto a frase acima – sem contestar o valor relativo das palavras “elemento” e “emanação” – é reforçada pela observação adicional do autor de que “toda a figura do microcosmo. . . o mundo interior do ser vivo individual. . . uma figura que é o sinal de Brahmâ, a energia criativa deificada” – em que aspecto, perguntamos, isso entra em conflito tanto com a nossa afirmação de que alguns proficientes (na filosofia Hermética) e Cabalistas consideram as cinco pontas do pentagrama como representando o cinco membros cardeais do corpo humano? Não somos discípulos nem seguidores fervorosos dos Cabalistas Ocidentais; no entanto, afirmamos que nisso têm razão. Se os vinte e cinco elementos representados pela estrela de cinco pontas constituem “uma criatura humana viva”, então estes elementos são todos vitais, sejam mentais ou físicos, e a figura que simboliza a “energia criativa” dá mais força à ideia Cabalística. Cada um dos cinco elementos básicos – terra, água, fogo, ar (ou “vento”) e éter – entra na composição do homem; e quer digamos “cinco órgãos de acção” ou “os cinco membros” ou ainda “os cinco sentidos”, isso equivalerá sempre a prender-se a pormenores, pois significa tudo a mesma coisa. Não há dúvida que os “proficientes” poderiam explicar de forma tão satisfatória a sua afirmação, tanto quanto o escritor a contestaria e negaria, explicando a sua. No Codex Nazaraeus – o mais Cabalístico dos livros, o Rei Supremo da Luz e o Aeon principal – MANO, emana os cinco Aeons – ele próprio com o Senhor Ferho (a “vida desconhecida e sem forma” da qual ele é uma emanação) constituindo os sete que tipificam de novo os sete princípios do Homem – sendo os cinco puramente materiais e semi-materiais, e os dois superiores quase imateriais e espirituais (ver “Fragmentos da Verdade Oculta”)9. Cinco brilhantes raios de luz procedem de cada um dos sete Aeons, cinco deles através da cabeça, das duas mãos estendidas e dos dois pés do Homem representado na estrela de cinco pontas, um envolvendo-o como uma névoa e o sétimo pousado como uma estrela brilhante sobre a sua cabeça. A ilustração pode ser vista em vários livros antigos do Codex Nazaraeus e da Cabala. Qual a surpresa, que essa electricidade ou o magnetismo animal que procede de forma poderosa dos cinco membros principais do homem, e os fenómenos do que hoje se chama força “mesmérica” tendo sido estudados nos templos do antigo Egipto e da Grécia e fossem dominados como talvez não seja expectável nesta nossa época de negação a priori e idiota, os antigos Cabalistas e filósofos que atribuíam símbolos a todos os poderes da natureza escolhessem, por razões perfeitamente óbvias para aqueles que sabem alguma coisa das ciências esotéricas e das misteriosas relações que existem entre números, figuras e ideias, representar “os cinco membros principais do homem” – a cabeça, os dois braços e as duas pernas – nas cinco pontas do pentagrama? Éliphas Lévi, o Cabalista moderno, vai tão longe, se não mais, que os seus irmãos antigos e medievais; pois, no seu “Dogme et Rituel de la Haute Magie” (p. 175) diz: “O uso Cabalístico do pentagrama pode determinar a aparência dos bebés em gestação, e uma mulher iniciada pode dar ao seu filho as características de Nereu ou Aquiles, bem como os de Luís XIV ou de Napoleão.”10 A luz astral dos ocultistas Ocidentais é o akaśa dos Hindus. Muitos destes últimos não estudarão as suas misteriosas correlações, nem sob a orientação de Cabalistas iniciados nem dos seus próprios Brâmanes iniciados, preferindo Prajña-Paramita – a sua própria presunção. E, no entanto, ambos existem e são idênticos, apesar das negações idiotas e ignorantes de J. K., o “Adepto” de Londres.


  1. Zohar— Livro do Esplendor, escrito por Shimon ben Yochai, século I a.C.; de acordo com outros no ano 80 d.C. [Refª. é do Zohar, III, p. 288, Amst. ed., 1714. – Compilador.] ↩︎
  2. Um arqueólogo francês de algum renome, o Dr. E. Rebold, mostra a grande cultura dos egípcios em 5000 a.C., declarando a várias autoridades que existiam nessa época nada menos que “trinta ou quarenta colégios de sacerdotes iniciados que estudavam ciências ocultas e magia prática.” [Histoire générale de la Franc-Maçonnerie, Paris, 1851.] ↩︎
  3. No número de Agosto (1881) de The Theosophist surgiu um erro que será agora corrigido. Na página 240 (segunda coluna, linha 16 da Nota do Editor) diz-se – “as duas pontas do seu triângulo preto inclinando-se para a terra”, quando deveria ser lido – o “ponto inferior do seu triângulo preto”, uma vez que os dois ângulos que formam a base do triângulo preto estão invertidos. ↩︎
  4. Veja-se no Sankhya de Kapila – Purusha e Prakriti: só a combinação dos dois em uma unidade funcional faz com que se manifestem no mundo dos sentidos. ↩︎
  5. [Em Ísis em Véu, Vol. I, pág. xvi, surge a frase: “O universo é a combinação de mil elementos e no entanto, a expressão de um único espírito – um caos para o sentido, um cosmos para a razão”. – Compilador.] ↩︎
  6.  Segundo Aitareya Brâhmanam de Haug, o hindu manas (mente) ou Bhagavant não cria mais do que os monas pitagóricos. Ele entra no ovo do mundo e emana dele como Brahm, pois ele próprio (Bhagavant) não tem causa primeira (apûrva). Brahm como Prajâpati manifesta-se como a Sephira andrógina, antes de mais, como fazem as dez Sefirots – como doze corpos ou atributos que são representados pelos doze deuses simbolizando: 1 – o Fogo, 2 – o Sol, 3 – o Soma, 4 – todos os seres vivos. Esta, com algumas variações, é puramente a ideia cabalística das Sefirots. ↩︎
  7. Idrah Rabbah (Grande Assembleia Sagrada), vi § 58 ↩︎
  8. [Este difícil tema é amplamente esclarecido e alargado no trabalho de L. Gordon Plummer intitulado The Mathematics of the Cosmic Mind, publicado privadamente em 1966, onde todos os sólidos geométricos são explicados em termos da Filosofia Esotérica. — Compilador.] ↩︎
  9. [Os três primeiros capítulos desta série foram publicados em The Theosophist, Vol. III, Outubro de 1881, Março e Setembro de 1882. Foram escritos por A. O. Hume. As parcelas posteriores da série foram escritas por A. P. Sinnett. – Compilador.] ↩︎
  10. [Vol. I, pág. 187, na 6. ª edição.] ↩︎

Imagem de capa

Composição MpF baseada em geração por IA

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