Quer seja o Fiat Lux bíblico, ou na religião babilónica, Marduk lutando contra o dragão Tiamat (uma das primeiras versões do futuro São Jorge, ou o Hórus a cavalo); ou na cosmogonia heliopolitana, Atum surgindo das águas imateriais de Nun, como um obelisco; ou na de Hermópolis (a Khemenú egípcia) Thot ordenou às oito potências do Caos (quatro duplas, serpentes e rãs). Etc, etc. Em todas há um caos que é necessário vencer, superar, ordenar, matar, para formar toda a natureza com ele, que é sempre, pois nela se reflete a face dos Deuses, um cosmos de ordem e harmonia.
Este mistério de Caos, Teos e Cosmos (Homogeneidade caótica – Inteligência – Ordem), chave na cosmogénese, repete-se desde o infinitamente grande até ao infinitamente pequeno. A semente, com a sua ordem implícita, devora a terra-caos que a rodeia, para criar a árvore de vida com as suas novas florações, frutos e a promessa de novas sementes. Ao alimentarmo-nos devemos quebrar as correntes proteicas que não podem ser deste modo assimiladas (pois trazem uma ordem diferente da nossa), e desse caos “caldo proteico” e com a chave do nosso próprio código genético ir assimilando esta matéria para que forme parte da ordem-vida de cada um.
Na alquimia a obra a preto corresponde ao caos, e da matéria putrefacta do homem velho – simbolizada pelo chumbo – devemos criar o ouro da perfeição luminosa usando o duplo mercúrio (água e ar). Os nossos conceitos velhos e antiquados, obsoletos, devem ser quebrados antes de assimilar uma nova compreensão. Por exemplo, para assimilar a teoria heliocêntrica, foi necessário dizer que não, e “despedaçar” a geocêntrica. Todo o novo paradigma, como nos demonstrou Thomas Kuhn na sua “Estrutura das Revoluções Científicas”, cresce à custa da morte do anterior, e alimentando-se dele, que não cedeu facilmente o seu posto, pois a inércia é o poder por excelência do caos, e os golpes e dentadas do velho deixam atrás dele, como o carro de Jagannath, uma fila de cadáveres e mártires.
Assim, a ordem velha já não é tal, é o caos a quem uma ordem nova deve vencer. Por vezes, observamos isto nas situações vitais mais inesperadas. Por exemplo, quando depois do atentado das Torres Gémeas um altifalante repetia que todos se deixassem estar onde estavam, era evidente que essa “ordem antiga” estava em contradição com o impulso de sobrevivência dos que não se conformaram, que se organizaram numa ordem nova para sair daquele lugar. Onde o barco, uma ordem magna, se afunda, pequenas sementes de ordem nova, as barcas, sobrevivem. Toda a legislação, usos e costumes, hierarquias do barco devem ser adaptadas ou substituídas à nova situação, pois agora são inúteis. Dalai Lama, exilando-se no Tibete devido à ameaça da China, dizia aos monges que o recebiam nos mosteiros onde passava, que era necessário simplificar o protocolo e a cerimónia, deveria ser criada uma nova ordem, pois a antiga, nesta nova situação vital, era já caótica e inútil. Napoleão, elevando-se acima das ruínas do caos gerado pela revolução francesa e pelo terror da era Robespierre, e criando uma nova nobreza de méritos, que não de sangue, vê-se obrigado a escrever um novo protocolo de usos diretos e costumes, diferente do da nobreza abolida, mas inspirado nos mesmos eternos princípios da corte (que tão perfeitamente formularam os clássicos, Séneca, por exemplo), que é, na verdade, o cosmos das relações humanas.
Quando Hegel criou a dialética tese, antítese, síntese evocou, mas também adulterou de certo modo o primitivo conceito de Caos, Teos e Cosmos, que não é tão pendular, tão de revolução e contrarrevolução, é muito mais evolutivo, não acontece simplesmente no tempo, mas ascende gradualmente, e contém evocações muito mais profundas que a simplificação tese-antítese-síntese não chega a captar.
Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891) foi uma das personagens mais enigmáticas e surpreendentes do século XIX. Considerada “a mulher mais sabia do seu tempo” era visitada na sua humilde morada por biólogos, geólogos, sânscritos, físicos, químicos, escritores, cada um consultava-a nas suas respetivas ciências, sendo que eram geralmente, as autoridades máximas. Edison, Yeats, Alfred Russel Wallace, Annie Besant, William Crookes, foram seus discípulos diretos, entre muitos outros que deixaram uma marca profunda na História; outros, como Gandhi, que a conheceram fugazmente ficaram profundamente emocionados com as suas palavras, que foram suficientes para mudar o rumo de uma vida.
Entre as suas obras, verdadeiras revoluções do pensamento no seu século e fontes de inspiração contínuas durante este século, destacam-se Isis sem Velo e a Doutrina Secreta. Desta última (editada no ano de 1888) elegemos um dos seus capítulos que tem precisamente o título de “Caos, Theos e Cosmos”, desta obra vamos analisar alguns parágrafos simples para que nos esclareça sobre este difícil tema.
Começa assim:
Caos, Teos, Cosmos, estes três são o conteúdo do Espaço, ou como definiu um sábio cabalístico: O Espaço, é o que tudo contém sem ser contido, é a corporalidade primitiva da Unidade simples… a extensão sem limites. Mas pergunta de novo: “extensão sem limites? De quê?”; e dá a resposta correta: “O Desconhecido Conhecedor de Tudo, a Primeira Causa Desconhecida.” Esta é uma definição e uma resposta que não pode ser mais exata, mais esotérica é mais verdadeira, sobre todos os aspetos do ensino oculto.
Ou seja, que este processo gestativo surge sempre de algo, que é o antigo e morto que serve de suporte para a vida e a nova ordem, mas há um elemento permanente, um Quarto (Tetraktis) Oculto, como diriam os filósofos pitagóricos que está “por trás” de tudo e serve de suporte e que podemos muito bem representar como Espaço. Aqui já há uma diferença entre caos, que no seu processo gestativo máximo, podemos identificar como a matéria primordial, e aquele que está mais além, que é incondicionado, e que nunca vai ter algum elemento de relação com tudo o que em Ele se manifesta. Os universos foram criados para se desenvolver e morrer no seu seio, sem que ele mesmo seja afetado por isso. Seria, deste modo, o que os filósofos vedantinos chamaram Eka Advaita (Um sem Segundo), ou seja, a Unidade Absoluta, não a relativa de onde tudo surge. Como expressa a mesma H.P. Blavatsky várias linhas depois:
O Espaço, que os sábios modernos, na sua ignorância e na sua tendência iconoclasta a destruir toda a filosofia antiga, proclamaram ser “uma ideia abstrata” e um “vazio” é na realidade, o Conteúdo e o Corpo do Universo com os seus sete princípios.
Noutros parágrafos identifica o Caos com o Espaço, levando o conceito “caos” não a um enquadramento relativo, como os que usamos em exemplos anteriores, mas a um valor absoluto:
O Caos era chamado sem sentido pelos antigos porque representava e continha em si mesmo – Caos e Espaço sendo sinónimos – todos os Elementos no seu estado rudimentar, indiferenciado.
Ficamos com esta ideia, a do Caos como “sem sentido”. Se damos a esta palavra o significado ordinário que tem, é um valor negativo, por ausência, é “falta de ordem”. E se não há ordem nem há o antes e o depois, o que tem mais importância e menos, que valor proporcionado tem este em relação ao outro, não há direções privilegiadas nem sentido de mudança, nem de movimento, mas tão-pouco de quietude. Dado que a nossa mente é, segundo a tradição clássica, uma cristalização da mente universal, encarna a sua ordem implícita, é um microcosmo (ou seja uma “pequena ordem”) dentro do macrocosmos (“grande ordem”); e portanto não podemos conceber o caos se não como ausência de ordem, como privação, e este em relativas gradações, nunca absolutas, pois a mente responde em sintonia com a ordem exterior e interior, e se desfaz ou torna-se cega e surda durante o caos. O caos que sempre concebemos é relativo a algo mas não absoluto, somos incapazes disso, é caos porque antes estava ordenado ou estará depois. O conceito mais absoluto que podemos imaginar do caos é o infinito, tanto no sentido matemático atual como no de apeiron (sem limites nem medidas) dos pré-socráticos. O infinito desafia os números (cuja natureza e coordenação harmónica é Mente), passa através deles como a sopa através do garfo.
Sabemos, e é fácil matematicamente demonstrar que:
2x infinito é igual a infinito (o conjunto dos números naturais tem os mesmos elementos que o dos números pares, ou inclusive dos números primos – como demonstra Euclides)
O matemático Georg Cantor, no final do século XIX, tentou introduzir um pouco de ordem com o infinito e desenvolveu a teoria dos números transfinitos, uma tentativa matemática de formalizar o infinito. Trabalhou também a hipótese do contínuo, tão vinculada ao infinito, pois a homogeneidade pura é a mesma natureza do caos, e não há infinito se não existe o contínuo. Curiosamente, no nascimento da Química Moderna – mais especificamente, foi Van Helmont o inventor desta palavra – quando se queria designar os gases na sua propriedade determinante de ocupar integramente o espaço em que estavam, usou a palavra “caos”. A etimologia de gás é “caos”, não é o conceito grego arcaico de Abismo insondável, mas sim o posterior da filosofia de “massa de matéria sem forma”.
A substância mais elementar, mais sem forma que conhecemos – sem entrar no interior dos núcleos atómicos – é o Hidrogénio (não como gás, biatómico, mas sim no seu estado dissociado, e melhor ainda, livre de eletrões, ionizado como plasma). E forma, como radiação cósmica, uma espécie de fogo cósmico, a quintessência do nosso universo, pois todos os elementos são formados a partir, precisamente, do Hidrogénio.
O filósofo nolano Giordano Bruno, na sua obra “Sobre o Infinito Universo e outros mundos” atribuindo precisamente ao nosso Universo uma infinidade que agora não estamos dispostos a conceder, diz que, por ser infinito não há nele um acima e um abaixo, um centro (ou seja diz que nem a Terra, nem o Sol são o verdadeiro centro de todo o Universo) , em todo o caso o centro está em todas as partes e em nenhuma, um pouco como o centro de Universo Einsteiniano (o da sua teoria da relatividade geral) que tem como base a cosmologia no momento atual. Interessante para um filósofo que foi queimado por ser livre pensador no ano 1600!
Repete H.P. Blavatsky:
Caos, Teos, Cosmos não são nada além dos três símbolos da sua síntese: o Espaço.
E chama a estes quatro “o cubo primitivo e perfeito”. Também chama ao Caos, Grande Mar, “a serpente de Sete Cabeças” das tradições cabalísticas.
Brahma é também Teos, que se desenvolve do Caos ou Grande Mar, as Águas sobre as quais o Espírito ou Espaço – o Espírito movendo-se na cara de Cosmos futuro e ilimitado – está silenciosamente tremulando na primeira hora do redespertar.
Brahma, o deus Criador do hinduísmo, desperta, atua em e desde o infinito de Vishnu para lançar o seu olhar e a sua intenção nas quatro direções do espaço, e depois até acima (noutras versões para dentro, para ouvir precisamente a voz do infinito em que está e repousa), criando assim a forma geométrica da pirâmide. Ela é o símbolo de todos os poderes criadores hierarquicamente em ação, é o símbolo de toda a ordem manifestada, ou como dizia o professor Jorge Ángel Livraga, a pegada do Logos na terra. Brahma surge de, e em certo modo é, um ovo ou matriz de ouro (Hiramyagarbha) no seio do espaço puro, a semente do futuro universo. Precisamente a raiz etimológica de Brahma é, em sânscrito, brih, que significa semente; e é a semente que se converte, sem deixar de ser ele mesmo, na Árvore da Vida de todo o universo. É o Teos (o melhor, Theoi, deuses) o Triplo Logos, a Vontade-Amor-Inteligência, que se expressa como Lei – Energia vital – Forma que constrói o Cosmos ou Ordem Universal.
“Quando a criação está em estado primordial” – diz a Mythologie des Indous, de Polier – “o Universo rudimentar, submerso da Água, descansava no peito de Vishnu. Brahmâ, o Arquiteto do Mundo, surgido deste Caos e Escuridão, flutuava entre (movia-se) sobre as águas, mantendo-se sobre uma folha de lótus, sem poder distinguir mais do que água e escuridão”. Vendo um estado de coisas tão angustioso, Brahma, cheio de consternação, fala consigo mesmo assim: “Quem sou eu? De onde venho?” Então ouve uma voz: “Dirige os teus pensamentos a Bhagavat. Brahmâ, levantando-se da sua posição ventral, senta-se sobre a folha de lótus numa atitude de contemplação, e reflete sobre o Eterno, quem satisfeito com esta prova de piedade, dispersa a obscuridade primitiva e abre o seu entendimento. “Depois disto Brahma sai do Ovo Universal [o Caos Infinito] como Luz, pois o seu entendimento está aberto e põe-se a trabalhar. Ele move-se sobre as águas eternas, com o Espírito de Deus nele; e na sua capacidade de Agitador das águas, ele é Vishnu ou Nârayâna.
As subtilezas da filosofia hindu fazem com que ele repouse no seio infinito de Vishnu e que quando entra em atividade (atividade que é a própria quintessência de Brahma) ele mesmo converte-se em Vishnu. Claro, a palavra Vishnu vem da raiz sânscrita vish, que significa “preencher”. Vishnu é quem preenche o Espaço Infinito, é este mesmo espaço como Caos informe, pura homogeneidade. Mas quando Brahma entra em ação, é o Brahma agora quem preenche o espaço do SEU universo, por isso converte-se num novo Vishnu. A radiação, vento solar, gera uma vida e uma ordem, que abarca até onde chega a agora chamada Heliosfera (ou Heliopausa), este é o novo Vishnu irradiado pelo Sol (Brahma) a substância que dele nasce e que bem podemos chamar “Éter Solar” (palavra quase tabu para a ciência mas que volta com novos nomes e os mesmos atributos de antes), que está no seio do Éter Cósmico (ou quiçá melhor, o galáctico, ou ainda melhor, o aglomerado globular ao qual pertence o nosso sol como estrela), um Vishnu de uma nova ordem. Toda a substância nutritiva é uma forma de caos, de Vishnu, e é toda irradiada por um agente superior, Brahma, que por sua vez está no seio de uma substância mais subtil (outra vez Vishnu) numa escala progressiva que se não é infinita, tende a cobrir este mesmo infinito, até que o pensamento desfalece.
No capítulo da Doutrina Secreta chamado o Ovo do Mundo, H.P. Blavatsky retoma esta ideia do Caos, Teos e Cosmos. Diz:
A “Causa Primeira” não tinha nome. Mais tarde a fantasia dos pensadores configurou-a como uma ave, sempre invisível e misteriosa que fez um ovo no Caos, cujo corpo se converteu no Universo. É por isto que Brahma foi chamado Kalahamsa, “o cisne no [Espaço e no] tempo”. Ele converteu-se no “Cisne da Eternidade”, põe no início de cada Mahamanvantara um Ovo de ouro, simboliza o grande Círculo, ou O, que é por sua vez o símbolo do Universo e os seus corpos esféricos.
Neste exemplo, o Caos é o espaço infinito, o Abismo; a Ave invisível é Teos; e o ovo é o Cosmos, que se converte no universo inteiro.
Este artigo “Caos, Teos e Cosmos” expõe, para desenvolver esta ideia, numerosos exemplos extraídos da Cabala hebraica (onde o Tetragramaton é o Teos na cabeça dos sete Sephirotes), da filosofia platónica, associando o primogénito ou exército de criadores ao dodecaedros; ou das antigas cosmogonias de onde tudo surge do Profundo ou Caos e do Primeiro Ponto (Teos) de onde emanam os Antepassados, ou Poderes Criadores; na religião egípcia, referindo-se a Kneph “o Deus Eterno não revelado, é representado por uma serpente, emblema da Eternidade, circulando um copo de água, com a sua cabeça suspensa sobre as águas, aquelas que incuba com o seu alento”; nos Eddas escandinavos, ou ainda nos Oráculos Caldeus, obra que teve grande importância no neoplatonismo.
O artigo é muito denso, em ideias, associações, nomes, culturas aludidas, enciclopédico, mas mais como uma sinfonia de conceitos que como uma compilação seca e estéril dos mesmos. Há quiçá um parágrafo que resume a ideia central, que ela mesma extrai de uma obra anterior, Isis Sem Véu (editada no ano de 1877).
As doutrinas arianas cosmogónicas, herméticas, órficas e pitagóricas, o mesmo que as de Sanconíaton e de Beroso, estão todas baseadas numa fórmula irrefutável, a saber: que o Æther e o Caos, ou em linguagem platónica, a Mente e a Matéria, foram dois princípios primitivos e eternos do Universo, independentes por completo de tudo o demais. O primeiro foi o princípio intelectual que tudo vivifica; e o Caos, um princípio fluído, sem “forma nem sentido”: e da união dos dois surgiu a existência o Universo, ou melhor, o Mundo Universal, a primeira Divindade andrógina, convertendo a Matéria Caótica no seu corpo, é o Éter em sua alma. Segundo a redação de um Fragmento de Hermeias: “O Caos, obtendo o sentido dessa união com o Espírito, brilhou com prazer e, assim, o Protogonos, a Luz (o Primogênito) foi produzido”. Esta é a Trindade universal, baseada nos conceitos metafísicos dos antigos, que ao raciocinar por analogia, fizeram do homem, que é um composto de Inteligência e Matéria, o Microcosmo do Macrocosmo, ou Grande Universo.
Existe uma forma fácil de entender isso, pelo menos para ter uma imagem mental que crie a ideia. Tudo, ensinou-nos o professor Livraga nas suas aulas, é feito de Luz e Números. Os Números cortam a Luz e geram as Formas que depois vivificam a natureza (isto é, tudo o que existe). Se temos um osciloscópio, podemos ver uma onda que varre a sua tela na direção horizontal ou vertical, essa onda pode ser, por exemplo, um ciclo completo por segundo (ou seja, um Hertz) ou 10.000 (quantos quisermos). Pode-se fazer com que ele interaja com outra perpendicular, também com quantos hertz quisermos. É claro que quando na tela há uma onda de milhares de sulcos horizontalmente, interagindo caoticamente com outros milhares, o que se vê é semelhante à televisão antiga, quando ela não sintonizava nada, o caos. Mas no momento em que as duas ondas, horizontal e vertical, entram na proporção de números simples 1: 1, 1: 2, 2: 3, 4: 5, 3: 8, etc; etc; o caos desaparece e as chamadas figuras geométricas de Lissajous são formadas, o que além disso, e essa é a coisa verdadeiramente surpreendente, na aparência elas viram-se e movem-se. Eles nada mais são do que a ondulação infinita do caos, ajustada às relações aritméticas. Aqui é muito claro como os “números cortam a luz” e forçam-na a assumir formas. Bem, o Universo nada mais é do que isso, os Números da Mente Cósmica, forçando a Matéria Primordial a assumir formas luminosas, sendo aqui a própria Luz o impacto do número na matéria. A luz é a ondulação da matéria primordial e as interações dessa ondulação. Toda a ondulação já está sujeita ao número (tem sua amplitude, frequência, comprimento de onda, ou seja, ritmo) e toda a interação, se numérica, já é proporcional.
Deste modo:
Caos-Teos-Cosmos, a Divindade Tripla é tudo em tudo. Diz-se, portanto, masculino e feminino, bom e mau, positivo e negativo; toda a série de qualidades opostas. Quando está num estado adormecido, em Pralaya, não é compreensível e torna-se a Divindade Incognoscível. Só pode ser conhecido em suas funções ativas; portanto, como Matéria-Força e Espírito vivente, correlações e manifestações, ou expressão no plano visível, da Unidade última eternamente desconhecida.