Bem, então, pensar que a noção da unidade vem da substância, já que a substância e o objeto sensível é um homem ou qualquer outro animal ou mesmo uma pedra, como pode ser razoável, se uma coisa é o que parece – o homem – e outra e não a mesma unidade?
E se é de tal natureza que, por vezes, não está presente e por vezes ausente, mas está sempre com essa coisa, se essa coisa é substância, o atributo também será substância, e não menos substância do que aquela. Mas se não nos for concedido que seja substância, em todo o caso será não-concebida sem o seu acto, não por essa razão o acto deixará de ser simultâneo com aquela, embora colocado pela nossa mente como se fosse posterior. Mas se a coisa não pode ser concebida sem aquele atributo – por exemplo, o homem não pode ser concebido sem a sua unidade – então o atributo não é posterior à coisa, mas simultâneo, ou é anterior, para que por ele possa existir. Pois bem, dizemos que a Unidade e o Número são anteriores aos Seres.
Quando observamos a vida, deparamo-nos com a existência de duas realidades, dois
mundos ou dois hemisférios. As antigas civilizações referiam-se sempre a uma grande jornada
cuja passagem se realizava em torno destes dois mundos dando a ideia da existência como um
movimento circular. A vida e a morte, o diurno e o noturno, a luz e as trevas, visível e invisível,
são as ideias chaves desta dualidade vestida de várias formas ao longo da história. No entanto, e
apesar da natureza dual da existência, a linha no qual estes mundos circulam é una, facto que nos
leva a considerar a ilusão destes dois mundos como uma criação do processo de vibração do
ponto central encontrado nesta circunferência por onde se move toda a existência.
Porque, de uma forma geral, devemos pensar numa única Essência, tudo contido e como que abarcadas por uma só Natureza, Nem cada uma separadamente, como nos sentidos – numa parte, o sol e noutra, outra coisa – mas “todas juntas” numa. Esta é, de facto, a natureza da Inteligência, pois é assim que tanto a AIma como a que chamamos «Natureza» imitam a Inteligência, em virtude da qual e pela obra da qual as coisas particulares são geradas, uma numa parte e outra noutra, estando toda junta consigo mesma.
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José Carlos Fernández, Escritor e Diretor da Nova Acrópole Portugal
O que geralmente não pensamos é a importância vital deste conceito filosófico primeiro, o de função, no desenvolvimento da ciência moderna, impensável sem a dita. De facto, quando afirmamos que as leis da natureza estão regidas por números, isto assim é graças às funções. E o conceito de função que estudamos rapidamente na matemática, é vital para tentar medir o dinamismo da Natureza.
Mas Platão também fala no “verdadeiro Número” que está na Essência afirmado assim, contrariamente, uma auto-subsistência do Número que não está na mente numeradora e é realidade em si, uma noção despertada na mente por efeito da mutabilidade do mundo dos sentidos.
Vivemos rodeados de tecnologia. Estamos sempre acompanhados por algum dispositivo tecnológico, alguns aparentemente simples, como um “relógio inteligente” ou uma “smart TV” e outros mais sofisticados como um “smartphone”. Também dispomos de “assistentes virtuais inteligentes” que interagem connosco, recebendo ordens, “conversando” e até dando conselhos. Pouco a pouco, nas nossas casas, há cada vez mais dispositivos ligados uns aos outros ou a uma “central inteligente”.
A palavra filosofia está composta das palavras gregas φίλος (philos), que gosta, que ama e σοφία (sophia), sabedoria, ciência, conhecimento.
Através das etimologias destas palavras podemos captar uma relação muito estreita entre estas duas disciplinas. No entanto, esta relação pode ser captada de várias outras formas.
Diz-se que a multiplicidade é um decaimento da Unidade, sendo o infinito o total afastamento, uma inumerável multiplicidade, e que é por isso que o ilimitado é um mal e nós imperfeitos no estado de multiplicidade.
O grande rio da criação, decomposto num infinito número de gotas, e cada uma delas com o seu peso, sua densidade, sua cor, está diante da nossa consciência sem que, apesar dos esforços heróicos que fazemos, consigamos devolvê-lo à sua unidade essencial. Na nossa mente este rio transborda, torna-se fugidio e inapreensível.