O Sábio Matemático Grego Euclides manteve este diálogo com o seu Iniciador nos Mistérios, “KALLIAS“, Hierofante instruído nos Templos do Egipto.
Kallias: “O homem vulgar vê apenas no globo em que habita, uma abóbada resplandecente de luz durante o dia e plena de estrelas durante a noite. Estes são os limites do seu Universo. Mas o de certos Filósofos estendeu-se ao ponto de espantar e confundir a nossa pobre imaginação.
Supôs-se, primeiro, que a Lua estava habitada; em seguida, que os outros astros eram outros tantos mundos e, finalmente, que o número destes mundos deveria ser “infinito”, uma vez que cada um deles não podia servir de fim e limite aos outros. A partir daqui, quão vastos horizontes se abriram para o Espírito Humano!…
Ainda que usemos de uma Eternidade para os percorrer, encontraremos novos globos; mundos que se acumulam uns após outros, até se encontrar onde quer que seja o Infinito: na Matéria, no Espaço, no Movimento, no Número e Magnitude dos Astros que o embelezam… e depois de milhões de anos conhecereis apenas alguns recantos, não mais, do vasto Império da Natureza… Oh, quanto se agigantou a teoria aos nossos olhos!… Se é verdade que a nossa Alma se estende com as nossas ideias e assimila de alguma forma os objetos que com ela se fundem, quanto pode orgulhar-se o Homem de ter penetrado nestes Mistérios insondáveis!”
Euclides: “Orgulharmo-nos, exclamei com surpresa, e…? De quê, Venerável Kallias? Pelo contrário, o meu Espírito cai atordoado diante dessa imensidão sem limites. Tu, eu e todos os homens não somos senão ínfimos insectos, submersos num oceano imenso, no qual os conquistadores não se distinguem dos outros, senão porque agitam um pouco mais as águas que os rodeiam.
Com estas palavras o Hierofante olhou-me fixamente e, ao mesmo tempo que me apertava a mão, disse-me:
– “Meu Filho, um insecto que vislumbra o infinito, participa desde logo da Grandeza desse mesmo Infinito que o rodeia!”