O Círculo e o Triângulo

"[...] existem momentos em que podemos conceber além disso, isso é algo que o seu cérebro físico pode conceber. Certamente que não o pode conceber se você apenas se apoiar na matéria do Universo manifestado, mas existem momentos em que você pode conceber muito mais; nos seus sonhos você pode conceber as coisas que você não conseguia no estado de vigília."
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Mde. Blavatsky: Quero que você diga em que sentido você usou isso. Eu digo que o primeiro sentido através qual nós podemos imaginar a matéria, ou aquilo que é a nossa concepção da matéria – isto quer dizer, o seu sentido mais refinado de todos, a mãe, como nós podemos chamar, o primordial – eu diria que tudo isso é primordialmente um círculo. Porque em todos os livros de ocultismo, em todos os ensinamentos e em todas as filosofias, é impossível imaginar o nosso eu de outra forma que não seja um círculo. Isso é impossível na lógica Aristotélica, e assim parece ser, mas quando lidamos com a metafísica, e tendo em conta o ponto de vista dos adeptos da ciência ocultas, então eu tenho que lhe responder desse mesmo ponto, isto é, do ponto de vista das ciências ocultas. Se tomar em conta, por exemplo, a ciência física, nós podemos dizer que a figura geométrica primordial é o triângulo no plano manifestado. Não me refiro ao mundo da abstração. A primeira coisa que poderá ver é certamente um círculo. Neste círculo você pode limitá-lo ou tê-lo em conta de acordo com as capacidades das suas concepções e a sua intuição, pode até torná-lo ilimitado, tudo dependerá dos seus poderes de concepção das coisas. Você poderá expandir esse círculo até ao Infinito, tornando-o até um círculo ilimitado – não só em palavras, onde poderá dizer que o círculo é algo e que a circunferência está em toda a parte, como diz a velha máxima, e que todas essas coisas abarcam tudo e não têm fim. Vamos então imaginar algo que é – tão grande como o possamos imaginar – e você poderá expandir e estender essa concepção até ao Infinito. Se nós conseguirmos imaginar dessa forma é porque nós queremos fazer com que isso seja concebível para o intelecto finito.

Dr. Williams: Eu penso que será seguro dizermos que o intelecto finito não pode conceber o que quer que seja a não ser o finito.

Mde. Blavatsky: Peço desculpa: existem momentos em que podemos conceber além disso, isso é algo que o seu cérebro físico pode conceber. Certamente que não o pode conceber se você apenas se apoiar na matéria do Universo manifestado, mas existem momentos em que você pode conceber muito mais; nos seus sonhos você pode conceber as coisas que você não conseguia no estado de vigília.

Dr. Williams: Entendo essa perspetiva. Mas a minha questão é que tudo isso pode ser uma conceção finita, porque essa é a conceção de um ser finito.

Mde. Blavatsky: Não creio porque este círculo de luz e de tudo não é um Ser; então dessa forma você pode conceber isso como sendo ilimitado, com certeza. Se de facto é ilimitado você pode ir e procurar a sua forma de ser ilimitada. Podemos dizer que isso será aplicado somente ao Universo manifestado, ao objetivo, se essas coisas estão acostumadas a ser olhadas através dos seus telescópios, para fazer o que têm de fazer. Isso pode aparecer ilimitado para essas pessoas.

Dr. Williams: Essas pessoas irão sempre pensar do ponto de vista do tempo e do espaço. Assim se explica porque é dizem que tudo isso não é ilimitado.

Mde. Blavatsky: É aí onde eles limitam o seu intelecto. A partir do momento em que eles vão além disso, eles partem as cabeças e nada mais vem além dessa forma de pensar limitada.

Dr. Williams: Quando você vai além do espaço e do tempo, você não está já a ir além dos círculos da forma?

Mde. Blavatsky: De certo. Dessa forma você não teria necessidade nem de símbolos nem de signos. Tudo está numa forma em que, de facto, se torna impossível expressar por palavras.

Dr. Williams: Isso leva-nos ao ponto exato da questão que é qual era a primeira forma na qual está contido o alcance da consciência humana e a consciência finita. Não é que me pareça que tal questão seja de uma forma tal que nós podemos imaginar isso como se estivéssemos ligados à perda da constituição da mente humana.

Mde. Blavatsky: É de facto um círculo. Isso eu posso dizê-lo de novo. Está provado Cabalisticamente e ocultamente que a primeira coisa que nós podemos imaginar, quando nós queremos imaginar algo, é um círculo.

Dr. Williams: Isso é exatamente o ponto onde eu quero chegar.

Mde. Blavatsky: Aqueles que dizem os maiores absurdos da ciência dizem que você pode fazer a quadratura do círculo, que você pode fazer um quadrado no círculo e que pode fazer disso qualquer figura que você queira pois tudo está em tudo.

Sr. Kingsland: Isso não será uma esfera em vez de um círculo?

Mde. Blavatsky: Um círculo ou uma esfera, podes chamar isso como quiseres. De certo que isso é uma esfera – era uma circunferência mas não era plana.

Sr. B. Keightley: Então qual é a próxima figura que você consegue ter depois de um círculo?

Mde. Blavatsky: Se você começar, a primeira figura será um triângulo.

 Sr. B. Keightley: O círculo é a figura central primeiro e depois vem o triângulo.

Mde. Blavatsky: A figura não é uma figura: o círculo com o ponto: isso é uma germe primordial, e isso é a primeira coisa que você pode imaginar no princípio da diferenciação. Mas o triângulo é aquele que você pode conceber, uma vez que a matéria começou a diferenciar-se mas ultrapassado esse ponto zero, isto é, a Laya. É isso o que eu queria dizer, é apenas isso. Brahma é chamado um átomo Anu, porque um átomo não pode ser um átomo. Porque isso é para nós um átomo que nós não podemos ver, nós sempre imaginamos que era apenas um ponto matemático e assim por diante, mas na realidade um átomo pode ser aumentado e ser transformado numa grandeza absoluta. Está no seu germe. Não é o átomo do ponto de vista dos físicos ou dos químicos. É um átomo do ponto de vista oculto. É desde o infinitesimalmente pequeno à totalidade de Brahma. Pode ser também a quantidade limitada desconhecida do átomo latente durante o Pralaya, que está ativo durante ciclos de vidas, mas um no qual não há nem circunferência nem um plano, apenas uma expansão limitada. Desta forma também o círculo não é senão um símbolo geométrico do mundo subjetivo que depois se torna triângulo no mundo objetivo. Essa é a resposta que vos posso dar, é a minha resposta final. Compreendem agora esta questão?

Sr. A. Keightley: Eu não sei é como é que tudo isso se pode tornar um triângulo no mundo objetivo. Isso é o que sempre me intrigou.

Mde. Blavatsky: Se esse círculo é limitado isso seria algo muito difícil. Então seriam duas coisas que não teriam nenhuma relação com a outra, a não ser que você coloque o triângulo no círculo. 

Sr. A. Keightley: Isso com certeza é uma figura que nós sempre vemos.

Mde. Blavatsky: É como está no livro da Doutrina Secreta. É um círculo e um ponto que depois se torna um plano e com isso se torna um triângulo. E este plano não tem nada a ver com aquilo que imaginamos. É essa ligação a partir da qual começa o Universo manifestado. Quando tu queres seguir de uma cosmogonia para uma teogonia então tu tens de imaginar um triângulo, porque a partir deste primeiro triângulo, se nós tomarmos em conta a definição pitagórica, ela começa de forma descendente, tal como eu expliquei na última vez quando ela se volta a si mesma, fazendo o plano e depois indo para cima novamente desaparecendo depois na escuridão.


Excerto retirado de:

THE SECRET DOCTRINE DIALOGUES

H. P. Blavatsky’s Talks With Students

Imagem de capa:

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Imagem no artigo:

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