Podemos encontrar, entre outras, duas definições actuais de triângulo:
O triângulo é um polígono de três ângulos e três lados.
Dicionário da Academia Real Espanhola
Na geometria plana, chama-se triângulo, trígono ou trigonóide ao polígono de três lados. Os pontos comuns a cada par de lados denominam-se vértices do triângulo.
Um triângulo tem três ângulos interiores, três partes congruentes de ângulos exteriores, três lados e três vértices entre outros elementos.
Wikipédia
Através destas definições e das descrições dos diferentes tipos de triângulos e as suas leis ou teoremas, podemos intuir que se trata de uma figura geométrica especial, no sentido da sua importância.
Por exemplo, o triângulo é o polígono mais simples e o único que não tem diagonal. Três pontos não alinhados definem sempre o triângulo, tanto no plano com no espaço.
Se se adiciona um quarto ponto no mesmo plano, não alinhado, obtém-se um quadrilátero que pode ser dividido em triângulos. E, se o quarto ponto adicionado não está no mesmo plano nem está alinhado, obtém-se um tetraedro que é o poliedro mais simples, estando conformado por 4 faces triangulares.
Todo o polígono pode ser dividido num número finito de triângulos, a isto se chega por triangulação. O estudo dos triângulos é fundamental para o estudo de outros polígonos.
Através destas ideias simples, podemos ver o triângulo como origem das restantes figuras geométricas. Se tivermos em conta que os corpos em volume expressam-se como combinação destas figuras geométricas, a origem dos corpos densos estaria relacionado com o triângulo.
O Timeu fala assim do nascimento do universo:
Timeu: “De seguida apresento em breves palavras as conclusões do meu discurso: Há ser (pai), espaço (mãe) e devir (filho): Os três existem de maneira individual antes do universo… Quando (o Demiurgo) se dispôs a organizar o universo, dotou primeiramente de forma e número o Fogo, Água, Terra e Ar… Em primeiro lugar, é de tudo evidente que o Fogo, a Terra, a Água e o Ar são corpos. Toda a figura do corpo tem também profundidade”.
Neste parágrafo podemos relacionar o triângulo com a expressão, no mundo das formas, da Tríade Pai-Mãe-Filho e, portanto, com a origem do universo. Desta maneira proveem todas as formas, ou seja, todas as formas são combinações dela.
Quando nasce o universo visível aparece a profundidade, um quarto elemento (o volume). Esta profundidade vai se obter por combinação ou reflexo de triângulos, ou seja, os corpos geométricos que vão simbolizar os cinco elementos, obtêm-se quando se combinam ou refletem diferentes triângulos no espaço.
Pitágoras fala-nos da Tetraktys. O Sagrado Quatro ou Tetraktys é o quadrado dentro do círculo, é a Tríada do Absoluto, representada por um triângulo, e a sua Essência, que dá lugar ao Quatro material e ao consequente processo da manifestação, que tem como resultado o Kosmos ou mundo manifestado.
Na representação geométrica dessa Tetraktys, o triângulo joga um papel fundamental, como origem das restantes figuras geométricas e como expressão da causa ou origem da manifestação:
Na Doutrina Secreta de H.P. Blavatsky descreve-se a Causa do Universo composta da seguinte forma:
Volume I de Doutrina Secreta (Cosmogénese). H.P. Blavatsky
Este parágrafo fala-nos do conceito de número como ideia, mas como ideia viva, como ser vivo. São os números os antecedentes ou causas das formas geométricas no processo da criação. Vemos que o Terceiro Logos ou a Ideação Cósmica corresponde ao número Três, causa ou antecedente do triângulo, como se disse antes, a sua expressão no mundo das formas, anterior ao mundo material denso.
O triângulo representa a expressão, no mundo das formas, da Divindade Trina (Primeiro Logos, Segundo Logos e Terceiro Logos), descrita no parágrafo anterior por H.P. Blavatsky e mostrada em todas as religiões como o Pai, a Mãe e o Filho, com diferentes nomes. Sendo a essência ou resumo desta Divindade. O ABSOLUTO, correspondente ao zero, número sagrado, e por isso, nem sempre usado pelas civilizações antigas.
Este simbolismo expressa-se nas construções religiosas. Por exemplo, nas pirâmides, tanto egípcias como americanas, cujas faces são triângulos, cujo vértice superior está em contacto com o céu.
Quando os gregos observaram as pirâmides do Egipto, deram-lhes o nome de Fogo “Pir”, porque o fogo adopta, de forma natural, essa forma ascendente e piramidal. O símbolo do fogo, que sempre é vertical, representa o espírito que pode incendiar tudo ao seu redor, ou seja, levar a sua ideia a outros lugares. É símbolo, pois, da Ideia Espiritual que ilumina e se transmite.
Outro exemplo muito conhecido de utilização do triângulo como símbolo do Superior, do Divino, é o Partenon de Atenas.
Este templo que foi dedicado a Atena, Deusa da sabedoria e da guerra, podíamos dizer Deusa da guerra inteligente, da guerra justa, tem a sua parte superior em forma de triângulo. O chamado frontão triangular plasma o contacto com o céu, e ao mesmo tempo, a origem celeste, o ponto de comunicação entre a origem e o destino de todo o criado, que se apoia na matéria para expressar-se (planta retangular, que contém o quadrado).
Os zigurates babilónicos são outro exemplo da utilização do triângulo como símbolo de ascensão até Ao Superior e representação d’O Superior em si mesmo.
Trata-se de construções espiraladas compostas de sete pisos, que vão sendo cada vez mais pequenos à medida que se vão elevando como uma espiral. De maneira que, na sua totalidade, formam uma estrutura, de onde podemos observar quatro faces triangulares, tipo pirâmides.
A simbologia cristã também mostra o triângulo neste mesmo sentido, como se pode observar na seguinte imagem:
Nesta imagem podemos ver o triângulo nos extremos das potências de Jesus Cristo, pois, se os unirmos, formam-no; nos extremos dos raios que rodeiam o Espírito Santo; e representado sobre a cabeça de Deus Pai. Também podemos observar outro triângulo maior formado pelo Espírito Santo, Deus Pai e Jesus Cristo. Relacionamos, pois, o triângulo com a expressão da Santíssima Trindade e com a de um dos seus componentes.
Podíamos encontrar muitos mais exemplos, que expressam o simbolismo do triângulo, sempre relacionado com a expressão, no mundo das formas, do Número Três ou a Ideia Três ou o Ser Três, o Divino, o Espiritual, a origem de tudo o que está manifestado.
Bibliografia:
Dicionário da Real Academia Espanhola
Wikipédia
Timeu, Platão
Doutrina Secreta, H. P. Blavatsky
Cátedra do Curso de Filosofia Geral, Nova Acrópole