Simbologia Numérica 5 – O Número do Retorno

Na série numérico-simbólica que estamos a ver, a sua essência não são os números como tais, mas os passos simbólicos que estes representam. A série que começa em 1 retorna novamente ao início após atingir o 9, ou seja, retorna ao 0, aquele número que não é número, aquele que não é uma coisa e que está presente em toda a equação. É uma série "evolutiva" cujo ponto central é o número-símbolo 5.
Capa_5

A primeira parte da série, de 1 a 4, representa a manifestação do universo, do Big Bang aos 4 Elementos e as 4 dimensões (espaço + tempo), enquanto a segunda parte da série, de 5 a 9, representa o retorno à origem.

O número 5 origina-se pelo aparecimento, no centro do Quaternário, de um ponto central orientador e dinâmico, aquilo que não só o torna cinco, mas também marca o Retorno do Ser Humano à sua origem, como vamos ver.

No famoso templo de Delfos, inscrito no seu pronau, aparecia a famosa frase “Conhece-te a ti mesmo”, acompanhada do conselho moral de “Nada em Excesso”, e finalmente acima destes a letra “Épsilon” (Ε, ε) ou número 5, representando aquele ponto dinâmico ou fator superior que rege todo o processo humano de autoconhecimento e autocontrolo.

Todo o conjunto evolutivo, a manifestação que começa com o Big Bang, foi desenvolvendo energia e matéria em contínua expansão. Do ponto de vista da evolução no nosso planeta, a Terra, caracteriza-se pelo surgimento de formas atómicas elementais e os minerais, e então pelo aparecimento dos complexos orgânicos da vida vegetal, animal e finalmente o homem.

Ora, se ao invés de olharmos para as formas externas que a Vida adopta, focarmos no desenvolvimento da consciência e da inteligência, diremos que o mundo atómico-mineral não possui uma consciência independente, não observamos reações evidentes dele, exceto a consciência-mecânica contra outros elementos ou corpos.

Se por consciência entendemos, segundo a RAE1, “a capacidade do ser para reconhecer a realidade circundante e relacionar-se com ela”, então um íman que se aproxima de uma partícula de ferro, faz com que esta, seguindo as leis a que está submetida, reaja sendo atraída. A isto é o que me refiro como consciência-mecânica.

Se avançamos para o mundo vegetal, existe uma consciência que lhe permite conectar-se com outros vegetais. Hoje sabemos que muitas plantas, através das suas raízes, conectam-se com outras, formando autênticos tecidos vegetais subterrâneos. É uma consciência que nas plantas mais evoluídas, como as árvores, faz com que orientem os seus galhos para o céu, a tentar implantá-los em direção à dimensão aérea. É uma consciência semiautomática, quase igual à consciência dos minerais, só que é mais complexa. Velemir Ninkovic, da Universidade de Ciências Agrícolas de Uppsala, foi o primeiro a descrever esse fenómeno. As plantas comunicam-se entre si através do solo e emitem sinais quando estão submetidas a forte stress.

Comunicação entre as árvores

“Existe uma inteligência, uma sabedoria, uma proteção que se transmite de uma geração para outra. Essas plantas estão conectadas no tempo e no espaço, e através das gerações.” – Suzanne Simard, Professora de Ecologia Florestal, Universidade Columbia Britânica

Mas a dimensão aérea é realmente a posse e a conquista do Reino animal, no qual a autoconsciência está se a tornar cada vez mais evidente e, portanto, o aparecimento progressivo do egoísmo, do tu e do eu como contraposição. Este reino possui em todo o seu esplendor uma consciência clara do espaço, através do qual se move, salta, corre e voa.

Domínio do Espaço

No ser humano, além do conhecimento das três dimensões do espaço, surge o conhecimento do tempo: a consciência expande-se para frente e para trás, até

à sua forma física, e até acima ao espiritual. Esse conhecimento do tempo o faz ver as consequências dos atos e a sua projeção no tempo, a morte e a imortalidade possível. Todos eles são fatores que têm a ver não só com a consciência, mas também agora com a consciência moral. Tanto a consciência quanto a conciênciaNT confundem-se até em termos e definições.

O que aconteceu no ser humano? Foi a mera acumulação de massa cerebral que deu o salto evolutivo? Para alguns cientistas a consciência humana é apenas mais um passo na linha evolutiva. Para o pensamento clássico, do Norte e do Sul, do Leste e do Oeste, há milénios, verifica-se que no ser humano surgiu algo novo, algo que não é meramente acumulação do anterior.

Desde o Big Bang, simbolicamente e usando a linguagem dos sábios “ignorantes” (!?) da antiguidade, a evolução passou do elemento Terra (o material e denso, base de todas as estruturas materiais), passando pelo elemento Água (a vida, a energia, em todas as suas manifestações, sendo o mundo vegetal o seu paradigma), o Ar (o mundo animal e emocional, o aparecimento de sentimentos, sentidos e sensações) até completar-se no Fogo (a inteligência superior e o vislumbre de espiritualidade)

Resta apenas dar o salto para o Quinto Elemento, a Quintessência, o Éter do antigos que os cientistas modernos insistem em negar, rindo do conceito e dos filósofos “iludidos” do passado. Na sua limitada visão “cientifista”, atribuem esse erro aos antigos, quando o erro foi cometido pelos cientistas materialistas do século passado e do anterior. E eu explico:

Quando os filósofos, agora e na antiguidade, falavam de Elementos, eles não se referiam aos “Elementos Químicos” que hoje todos nós estudamos na escola, porque não somos tão ignorantes. Uma coisa é o carbono, o oxigénio, o nitrogénio, etc., etc., que são partículas materiais, e outra bem diferente são os Elementos Filosóficos que não têm nada em comum com os anteriores, exceto o nome, este último tendo sido furtado dos antigos filósofos por químicos modernos.

Os físicos, ao não conseguirem encaixar as suas teorias de movimento e espaço, viram a necessidade de postular no século XIX a presença de um “éter”, uma espécie de base subtil hipotética, que lhes permitiria explicar a transmissão da luz, atuando este éter como matéria subtil elástica sobre a qual se “deslizava” ou “projetava” a luz.

Mais tarde, em 1887, as experiências dos físicos Albert Abraham Michelson (Prémio Nobel de Física, 1907) e Edward Morley provaram que não havia tal éter físico. Bom para eles. Extraordinário. Eles mostraram que não havia aquilo que os cientistas, sempre mudando as suas opiniões, haviam usado até então como especulação para manter as suas teorias científicas materialistas. Parabéns.

Mas isso não dá aos cientistas de hoje o direito de escarnecer do antigo conceito sobre o Éter, que não tinha nada a ver com o deles, exceto o nome. Para os antigos filósofos, que diante de tal desconsideração se pudessem, se levantariam dos seus túmulos cheios de raiva, o Éter era o Pai ou origem dos outros 4 Elementos Clássicos, ou seja, Terra, Água, Ar e Fogo, e não correspondia ao conceito dos físicos que o propuseram como solução, nem com a negação do mesmo pelos físicos anteriormente mencionados.

No artigo anterior vimos a origem do número cinco, a partir do 4, fertilizado pelo espírito, ao cinco, ou seja, o surgimento da figura piramidal. Vamos ver este processo passo a passo:

Três sobre o Quatro, a Pirâmide

O Quatro no universo representa as 4 dimensões, as 4 direções, os 4 Elementos Clássicos, o desdobramento do Big Bang em suma. Mas aplicado mais concretamente no ser humano significa o Quaternário Humano, isto é, a integração de todos os itens acima num ser avançado.

O ser humano também possui um aspecto material, composto por toda a sua anatomia, desde os seus átomos constituintes até aos tecidos e órgãos mais sofisticados, como por exemplo o cérebro. Representa simbolicamente o aspecto “Terra” do homem.

Existem também os processos energéticos, que incluem desde as energias eletromagnéticas mensuráveis, bem como outras de natureza mais subtil que banham os nossos sistemas orgânicos. E ainda vai mais longe, porque nesse plano energético é onde realmente se encontra a estrutura invisível do nosso ser físico. Este é o plano Vital-Energético, simbolizado pela palavra “Água”.

No ser humano integram-se todos os aspectos que estão presentes, embora menos sofisticados, no mundo das emoções, sentimentos e sensações animais. Pela sua natureza expressiva, que se reflete até mesmo na maneira como respiramos, na atitude recolhida ou expansiva da nossa psicologia e até mesmo no nosso corpo físico, assemelha-se assim a esse plano aéreo ou “Ar”, onde se expressam todos os nossos sentimentos e emoções.

Finalmente, a inteligência com todos os seus atributos, que inclui o percepção de si mesmo, do mundo ao redor, o raciocínio, os aspectos intuitivos, a elaboração do tempo e a previsão do futuro, surge de maneira clara e definida no ser humano, e apenas parcialmente entre os animais. Pela sua capacidade de esclarecer e iluminar, de trazer à compreensão e à vista o que é obscuro, se denomina “Fogo”.

No entanto, o ser humano assim definido nada mais é do que um “animal racional”, ainda carece do elemento espiritual que o distingue plenamente do mundo animal.

Se representarmos esses 4 aspectos em um gráfico seria uma espécie de quadrado como o seguinte:

Personalidade

A interseção dessas quatro influências ou elementos, dá origem ao surgimento de algo claramente nítido; o “eu pessoal”.

Eu ilusório

Os ensinamentos budistas explicam que nossa personalidade, a sensação íntima de possuir um eu, é totalmente ilusório, baseia-se em quatro coisas que são evanescentes, mutáveis ​​e carentes de eu ou vazias, e, portanto, esse eu humano também tem as mesmas características.

Se analisarmos cuidadosamente cada um dos componentes da personalidade humana, vemos que desde o físico para o mental não há nenhuma forma que tenha permanecido igual ao longo de nossa biografia e nem mesmo nossos pensamentos são os mesmos. Não há nada de eterno nisso, não existe um “eu” que podemos chamar de imortal e imutável.

Como prova da volatilidade desse eu, bastará lembrar o que nos acontece quando um dos elementos que compõem este quaternário é danificado ou diminuído, como ocorre, por exemplo, após um acidente físico ou uma doença que diminui seriamente o nosso físico:

O “eu ilusório” então move-se da sua posição central, noutras palavras, a pessoa influenciada por uma deficiência física habitualmente muda a sua psicologia, o seu autoconceito, a sua confiança, etc. O seu eu mudou.

E se uma doença ou um novo problema faz desaparecer completamente o componente físico, onde está o eu? Desaparece porque é o resultado geométrico de quatro fatores; ao faltar um deles, deixa de existir:

É evidente, portanto, que a personalidade, cujo destino tanto nos preocupa, é uma mera ilusão, e projetá-la, tal como ela é, num futuro imaginário, noutro plano de existência ou mesmo numa vida futura, é também uma ilusão. Seria como se um ator, interpretando uma personagem, se afeiçoasse a ela, e se imaginasse interpretando a mesma personagem em diferentes lugares, fora do teatro e até mesmo noutra peça de teatro.

Obviamente, com base no exposto, existe naturalmente um ator verdadeiro, mas não é aquele que imaginamos, mas que se esconde atrás, muito por trás da nossa psicologia quotidiana, apenas vamos vê-lo e senti-lo, raramente ou nunca, através de intuições fugazes. O verdadeiro ator caracteriza-se porque não é dependente dos 4 fatores mencionados anteriormente, mas que possui a sua própria dinâmica.

Imaginemos novamente o quadrado como um plano sobre o qual se apoia o eu ilusório:

Eu dependente

Anteriormente vimos que o número Cinco nasce da ação da Tríade ou Espírito sobre o Quadrado ou personalidade

Quitessência ou Plano Fora do Espaço e Tempo Condicionado

Este novo eu (a vermelho) não está no mesmo plano, ele se eleva-se acima do quadrado da personalidade, ou seja, não depende dela, mas sim há algo que “puxa” de cima, um quinto elemento ativo que o eleva e dá independência para além das vicissitudes da nossa personalidade, das doenças, dos desenganos e decepções, dos fracassos e sucessos. Esse é o eu relacionado com a Quinta Essência ou Verdadeiro Ser do Ser Humano, o verdadeiro ator nos bastidores da nossa vida.

Esta pirâmide constituída pela ação e intervenção de um quinto elemento, é o primeiro passo para o Retorno do Ser Humano, é a mudança que marca a passagem do homem quaternário, ou dependente, ao homem que estende os seus braços para as estrelas, o homem estrela.

O Homem de Vitruvio. Domínio público

O mesmo conceito que os antigos egípcios tinham quando diziam que o homem tem o seu verdadeiro ser e alma nas estrelas, e por isso pintavam-nas no teto dos seus templos, representando o espírito do homem indo em direção ao mistério representado pelo deus.

Estrelas – Tumba Tutmosis III

(continua)


Notas:

1. RAE: Real Academia Espanhola

NT. Nota da tradutora: No idioma espanhol existem as palavras “consciencia” e “conciencia”. Define-se “consciência” como o conhecimento imediato ou espontâneo que o sujeito tem de si mesmo, de seus atos e reflexões, enquanto “conciencia” é o sentido moral ou ético próprios de uma pessoa.

Imagem de capa

Imagem de alto2 por Pixabay

Composição MpF

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