“Tudo é Número.”
Pitágoras
A humanidade sempre tentou compreender os fenómenos da natureza e a origem do universo através de mitos ancestrais. Para Pitágoras, estas generalidades não eram suficientes, tal foi a influência que recebeu dos pré-socráticos, os pioneiros do pensamento lógico grego, que através da sua teoria de cosmologia, tentavam descobrir a composição e a origem provável do universo, e que o próprio desenvolveu na sua Escola Pitagórica.
Nascido a 570 a. C., na ilha grega de Samos, na sua condição de filho de mercador, terá viajado por todo o Próximo Oriente. Reza a história que recebeu ensinamentos no Egito, onde terá tido o privilégio de contactar com escolas de mistérios, em Tebas. Se outra das lendas for verdadeira, foi na Babilónia que terá recebido ensinamentos espirituais de influência oriental. Isto porque, o que se sabe da sua existência e dos seus ensinamentos, terá sido relatado séculos depois da sua morte.
No entanto, é comum a todos estes relatos a importância do trabalho de Pitágoras na implementação de um raciocínio matemático, o chamado raciocínio dedutivo, por não se apoiar na razão intuitiva, mas sim, numa dedução lógica e na sua respetiva demonstração. É disso expoente máximo o Teorema de Pitágoras, que concretizou um conhecimento, que se julgava remontar à Índia e à China. Pitágoras é, por isso, considerado o primeiro matemático puro, tendo dado início ao paradigma da matemática atual.
Pitágoras acreditava que “a matemática é o alfabeto com o qual Deus escreveu o universo”. Os números explicavam todo o universo e a vida no mundo, como expressado, matemática e simbolicamente, através da Tetraktys, que fazia parte do juramento Pitagórico como sendo “fonte e origem da natureza eterna”.
Esta figura triangular, onde cada ponto corresponde ao um, onde em cada linha se adiciona mais uma unidade, era também chamada de Tétrada, por ser o resultado da soma dos números das quatro filas (1+2+3+4), resultando na década, o número perfeito que é o 10, que simboliza o regresso à Unidade, a Deus e ao Universo.
A Tetraktys começa com a mónada, que tem em si o Todo em potência, pois a partir do número 1, podem gerar-se todos os outros números, adicionando repetidamente mais um algarismo.
Então, do 1+1, nasce a díada e com esta a polaridade, a dualidade da matéria, a imperfeição da paridade, a procura do equilíbrio dos opostos e o aspeto feminino.
Com a tríada, volta-se à perfeição dos números ímpares, cria-se um movimento de elevação para equilibrar as forças extremas da dualidade, introduz-se a energia do masculino, é um retorno à harmonia em potência na mónada. Do 1+2, surge a figura do triângulo, com toda a sua carga simbólica, que representa o Eu Superior e o conceito de Trindade.
A Tetra traduz os quatros elementos, as quatro direções, a lei da causa e do efeito, que no Oriente tem a designação de Karma, ou seja, corresponde ao Quaternário do homem, como ser integrante da natureza representada, do Cosmos.
A Penta representa o casamento simbólico da reunião do feminino e do masculino que são o 2+3. É a construção de uma nova direção, de uma quinta dimensão, o quinto elemento. É representada pela figura do Pentagrama, o símbolo pitagórico.
A Hexa pode ser resultado de várias propriedades dos números naturais, como estudavam os pitagóricos. Através da adição, pode ser vista como a paridade da forma triangular, com um virado para o alto e o outro virado para o baixo. Através do produto de 2×3, representa a multiplicação do feminino com o masculino.
Assim, a Hepta vai dar origem à Vida, ao individuo indivisível, como representado na Constituição Septenária, que, conseguindo harmonizar os seus sete níveis, se torna Luz.
A Octa representa a soma de 4+4, símbolo da amizade, por ser a soma de dois quadrados perfeitos. Buda mostrou-nos o Caminho Óctuplo, o “caminho do meio” que nos ensina a trabalhar a nossa moderação e a buscar a nossa harmonia, ao invés de andarmos constantemente a cair em extremos.
A Enéada é a tripla emanação da Tríada, representando a justiça e a igualdade e também o amor, pois são nove os meses de gestação do ser humano. Por outro lado, o nove é o número quase que perfeito, pois ao nascer o homem é fruto do pecado original, e como qualquer herói de uma história, vai ter que escolher se opta por responder à sua parte mais divina ou se cede à sua parte mais instintiva.
A Década é o número que representa o Universo e, consequentemente, Deus, pois é um voltar ao ponto inicial, à unidade, pois 10 = 1+0 =1.
“A Evolução é a Lei da Vida,
O Número é a Lei do Universo,
A Unidade é a Lei de Deus.”
Pitágoras
[…] Interessante observar também que dois números são muito presentes em toda a história. São eles o 3 e o 7 , que têm associação com a Tetraktys Pitagórica. […]
Tebas não fica no Egito, mas sim na antiga Grécia, é a cidade de Dionísio.
Uma coisa que não gosto sobre a excessiva influencia do cristianismo, porque tenho certeza que Pitágoras não era lá cristão, é que ele empurra goela abaixo essa cisão entre corpo e alma, entre instinto e divino, como se houvesse um inferior ao outro.