“A experiência mais bela e profunda que um homem pode ter é a percepção do misterioso. É o princípio subjacente da religião, bem como o de todo o empreendimento sério na arte e na ciência.” – A. Einstein
A matemática surgiu na alta antiguidade. Uma das primeiras provas conhecidas desse facto consiste de um osso de babuíno que apresenta 29 entalhes que denotam a quantidade de dias do mês lunar. Este calendário é, portanto, o artefacto matemático conhecido mais antigo possuindo 37.000 anos, de acordo com os cientistas (Pegg E., Jr. Lebombo Bone). Artefactos semelhantes de um período anterior também foram encontrados noutros locais. O número 29 também pode ser encontrado numa imagem antiga nas grutas de Lascaux (em XVIII – XV AC).
Os primeiros textos matemáticos conhecidos foram deixados por duas grandes civilizações antigas – a do Egito e da Mesopotâmia.
Os textos matemáticos Egípcios mais antigos datam do início do segundo milénio AEC. Nesses tempos, a matemática era utilizada na astronomia, na navegação marítima e geodesia, bem como na construção de casas, barragens, canais e na defesa militar. Heródoto descreve como o rei do Egito loteou a terra entre todos os egípcios, pagando cada cidadão imposto ao tesouro pela sua parcela. Se uma parte do terreno ficasse alagada pelas águas, ela era medida novamente, e o imposto a pagar, reduzido em conformidade.
Cada nação tinha os seus próprios sistemas de expressão numérica na forma escrita. No terceiro e segundo milénio AC os egípcios usavam um sistema numérico hieroglífico. O povo da Babilónia adotou o sistema numérico sexagesimal. O sistema decimal, que hoje utilizamos, veio para o mundo Árabe e para a Europa Ocidental da Índia (por isso, não é correto chamá-lo de Árabe).
Um dos factos notáveis é que, nos tempos antigos, usavam-se letras do alfabeto para expressar números por escrito. Era assim que os Gregos usavam o seu alfabeto. Também conhecido como o sistema Jónico. Juntamente com o Cristianismo e a escrita alfabética, foi levado para os povos Eslavos. Os Árabes, Georgianos, Arménios e Judeus usaram também tais sistemas numerais.
Na história da ciência, Thales de Mileto é considerado o primeiro matemático (século VII AC). Thales era um comerciante grego, viajante e filósofo. São-lhe atribuídos os primeiros teoremas e a resolução de vários problemas matemáticos aplicados, entre os quais podemos mencionar a medição da pirâmide Egípcia pela sua sombra. Muito conhecimento foi recebido por Thales no Egito e depois trazido para a Grécia. Thales definiu o número como uma combinação de unidades, assim como definido pelos Egípcios de quem aprendeu.
Pitágoras foi discípulo de Thales, e este nome introduz a etapa mais importante na história da matemática. Na sua juventude, Pitágoras foi ao Egito para aprender com os sacerdotes. Escritores antigos afirmam que ele foi admitido nos santuários sagrados Egípcios; visitou também sábios Caldeus e magos Persas.
Pitágoras fundou a escola que fez várias descobertas significantes para o mundo. Além do famoso teorema da Pitágoras, também nos deu o fundamento da geometria, música e astronomia. Uma das maiores conquistas da escola foi a descoberta de números irracionais (ou infinitos). Os Pitagóricos trataram a matemática como uma ciência sagrada ligada à aprendizagem do mundo e do homem.
Uma parte significativa dos registos de matemática antiga é retirada da obra “Os Elementos” de Euclides que foram escritos aproximadamente em 300 AC. Este trabalho descreve metodicamente os teoremas geométricos e aritméticos estabelecidos pelos matemáticos da Grécia antiga durante pelo menos os dois séculos anteriores de evolução matemática.
Considera-se que a matemática moderna desenvolveu-se há cerca de 400 anos pelas obras de cientistas (Kepler, Galileu, Newton, Leibniz), que tentaram penetrar nas leis da física. O desenvolvimento da matemática acompanhou o desenvolvimento de outras ciências. Hoje, as descobertas matemáticas muitas vezes impulsionam descobertas e teoremas noutras ciências. As raízes matemáticas da teoria especial da relatividade estão profundamente ligadas à geometria Lobachevskiana. A teoria dos números primos encontrou a sua aplicação na criptografia. A matemática quântica baseou-se na análise funcional que tinha começado no início do século XX. E estes são apenas alguns de muitos exemplos.
Frequentemente podemos ouvir que a matemática apareceu como fruto das necessidades práticas das pessoas. E há um grão de verdade nesta afirmação, uma vez que a matemática era essencial para calcular, comparar, medir ou calendarizar. No entanto, existe ainda mais uma razão. A matemática tal como a poesia, a pintura, a música, o teatro e a arte em geral foram trazidas à existência pelas necessidades espirituais do homem, na sua aspiração à cognição e beleza.
Publicado em Boletín Pitágoras nº 3, 2015